quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Carta para um Menininho Fofo

Já faz muito tempo que quero escrever uma cartinha para meu sobrinho tão fofo! A idéia surgiu quando li as cartinhas da Flávia e da Ana para seus respectivos filhotinhos!

Fui enrolando, enrolando e já esqueci um monte de coisas que podia ter escrito... Mas agora vai!

Querido Sobrinho Fofo,

Sou uma tia muito coruja, muito mais do que imaginei que seria! Sempre gostei de crianças e até me achava meio mãe da sua madrinha, minha irmã caçula, do alto dos meus 7 anos, quando ela tinha 2!

Mas gostar de crianças é uma coisa... Ser arrebatada de paixão, ficar completamente boba e encantada por você foi beeeeem mais do que isso! Assim que você nasceu amoleceu completamente meu coração! Os dias que sua mãe passou na nossa casa (na época eu morava com seus avós, nem tinha casado!) logo depois do parto eu só queria ficar com você no colo! E quando vocês partiram deixaram um vazio tão grande no meu colo e no meu coração que até doía! Eu até hoje não entendo como senti tanta saudade de alguém que eu só conhecia há 1 semana, mal abria os olhos, dormia e chorava mais do que tudo!

Hoje você já tem 3 anos e 9 meses! Quase um rapaz! Mas eu não me esqueço de momentos de quando você ainda era bem menor!

Lembro-me perfeitamente do dia em que te vi dando seus primeiros passinhos, cambaleante, aos 11 meses, na casa da vóvó...

Me emociono ao recordar do dia em que você me presenteou com meu novo apelido: Cacá! Nós estávamos no sítio, tínhamos colocado uma colcha sobre a grama, próximo ao quiosque da churrasqueira, para que você brincasse ao ar livre. Eu me sentei lá e brinquei um pouco com você... Depois saí para fazer alguma coisa, não lembro o que, mas fui à cozinha da casa e de lá saí em direção ao canil ou à horta, conversando alto com alguém... Foi aí, neste momento, que ao escutar a minha voz, sentadinho lá embaixo, na colcha, você começou a chamar por Cacá, cá, cacá e olhar na direção de onde vinha minha voz. Todos que estavam com você naquele momento tiveram a certeza de que você estava tentando me chamar. Foi um alvoroço, uma festa, todos me chamando, avisando que você balbuciava um Cacá. Até hoje não tenho muita certeza se você não estaria era tentando dizer "Vem cá", mas o fato é que era por mim que você chamava e a 'festa' que fizemos foi tanta (batemos palmas e te enchemos de beijos) que você gostou da idéia de me chamar assim. Aos poucos virei tia Cacá...

Neste mesmo fim de semana, você também presenteou seu tio com o apelido de Kiki. Ele, que nem é muito fã de apelidos, aceitou de bom grado! E depois virou tio Kiki!

Outra cena muito emocionante que me lembro também aconteceu no sítio... Você já falava um pouco mais. Eu tinha inventado um truque para conseguir te dar uns abraços mais apertados e demorados, já que você não era muito fã de abraços e eu, por outro lado, sentia uma enorme necessidade de te abraçar para matar um pouquinho da saudade (afinal nesta época você ainda morava em outra cidade). Você deve ter puxado a sua mãe que quando criança não gostava que a beijassem e depois de ganhar um beijo, limpava o rosto com a mão e soltava um 'eca, molhado!'. Mas, enfim, o truque que eu inventei foi o seguinte: eu te dava um abraço 'bem' apertado, dizendo 'hum-hum-hum', com quem faz muita força e depois, apontando para o chão, dizia:

- Veja, foi tão apertado que até saiu caldinho!

Eu achei que você não ia entender nada (acho que no início você não entendia mesmo, mas ficava curioso tentando entender e olhando para o chão), mas assim surgiu nosso abraço do caldinho, que resiste até hoje!

Voltando a tal cena emocionante... Um dia, no sítio, quando eu e tio Kiki estávamos indo embora, me despedi de você, mas como não queria que fôssemos, você ficou meio amoado e emburrado e não quis dar o abraço, talvez apostando que assim nós não iríamos... Entramos no carro e saímos do sítio. Já na rua, ainda em frente, me lembrei de algo e voltei correndo para buscar. Tio Kiki ficou no carro, esperando. Peguei o que tinha que pegar, passei por você e dei 'tchau' novamente. Foi então que você levantou os bracinhos, fez cara de pidão e balbuciou algo do tipo: 'abaço cadinho'. Devo ter ficado uns segundos parada, sem reação, tentando entender e depois acreditar que você realmente estava pedindo um abraço do caldinho! Fui do sítio até em casa rindo de uma orelha a outra de tão feliz!

Atualmente o abraço do caldinho é mais incrementado, pois o caldinho 'que sai' pode ter várias cores! 90% das vezes ele é verde, sua cor preferida, mas de vez em quando ele toma a tonalidade das nossas roupas. Mas nem sempre é a cor da roupa que influencia. No último sábado, por exemplo, você deu um abraço do caldinho no tio Kiki e eu logo disse:

- Olha, saiu caldinho verde.

Mas você me corrigiu com a maior naturalidade:

- Não. Saiu caldinho marrom. (E, passando a mão na pele do braço do tio, continuou em tom de 'lógica'.) Porque ele é marrom!

Sabe, meu amor, maio deste ano foi um mês muito especial para nós três: eu, você e tio Kiki! Foi neste mês que fizemos nossos primeiros passeios a sós!

Primeiro, numa manhã, em plena terça-feira eu te levei à Bienal do Livro. Um programa cultural, só eu e você! E foi uma super aventura, muitas novidades para nós dois! Para início de conversa, nós fomos de metrô! Você achou legal andar de 'motrô': segurou direitinho na mão da titia para pular o vão entre a plataforma e o vagão, pois eu falei tanto na sua cabeça, que antes de chegarmos lá, você até perguntou se no 'bulaco' tinha água! Acho que você e já estava imaginando um grande fosso, como aqueles que cercam os castelos das bruxas! Na volta você nem reclamou de nós não termos lugar vazio para sentar. Fez a viagem em pé, segurando com uma mão e comendo biscoitinhos de laranja com a outra!

Lá na Bienal, nós assistimos um teatrinho infantil , tiramos fotos no reizinho (um daqueles bonecos em tamanho real com um buraco para colocar a nossa cabeça) e compramos muitos livros: o primeiro que você quis comprar foi um grande, sobre dinossaouros! Depois compramos vários outros (a Bisa te deu muito dinheirinho!), entre eles o do Aladim, o da Formiga Prequiçosa e outros que já esqueci! Também compramos uma mandíbula de dinossaouro, que você adorou!

Apesar da canseira que a tia te deu (nós andamos bastante!), você foi muito bonzinho, não deu trabalho nenhum!

Ainda neste mês de maio, foi a vez do nosso primeiro 'dia de tios'. Eu e tio Kiki te buscamos num sábado antes do almoço e passamos o resto do dia juntos! Tio Kiki teve a idéia de te levarmos ao Parque das Mangabeiras e foi uma idéia acertada! Quando chegamos lá estava acontecendo um evento para crianças, com 'show' dos Backyardigans e pula-pulas infláveis com piscina de bolinhas! Tudo que você pediu a Deus! Se divertiu bastante! Mais engraçado é que depois do 'show', de uma tentativa meio frustrada de tirar fotos com seus personagens tão queridos e de brincar em um dos pula-pulas, você quis mesmo foi ver as carpas coloridas no lago! Ao redor do lago nós ficamos um bom tempo (bem mais do que eu e tio Kiki esperávamos), contando os peixes, falando das cores e tentando identificar os maiores e os menores! Sentadinho em um banco em frente ao lago, você lanchou feliz da vida! Chamamos para ir embora e você aceitou numa boa. No caminho até a saída, viu um quiosque de picolé e apontou dizendo:

- Olha, aqui tem picolé!

Entendemos o recado e você se lambuzou com um picolé de chocolate!
Depois fomos para casa. No caminho, dentro do carro, você folheou um dos seus livrinhos e vendos as ilustrações foi nos contando a história completa. Quando esquecia do que se tratava alguma página, esticava o livro para que eu lêsse aquele pedacinho. Já no prédio, enquanto o tio Kiki esquentava o almoço, você andou de bicicleta na garagem, aos olhos atentos e encantados da tia.

Almoçou como um passarinho (já é ruim de comida e os tios ainda deram picolé!), mas esperou (impaciente) até que nós terminássemos a refeição. Depois queria continuar a brincar. Fomos assistir ao DVD do Big Muzzi, que eu comprei para te ensinar inglês! Você fica as gargalhadas na parte em que o menino leva sorvete na cara! Mas 'ice cream' você não acha muita graça em falar não... Em compensação, para alegria minha, você já aprendeu direitinho 'big' e 'small'!

Depois você pediu para o tio Kiki tocar o trompete que fica lá na sala de TV só de enfeite! Quando o tio Kiki cochilou, assintindo TV, nós dois fomos contar histórias, já que tínhamos muitos livros seus na bolsa!

Enfim, você foi um sobrinho nota 1.000!

Eu tenho mais um monte de coisas para escrever, mas esta carta já está grande demais! Muito 'big'! (Quem mandou levar quase 4 anos para escrever a primeira, né?) Então vou parar por aqui e tentar escrever outras com mais frequência, para recuperar tudo e não perder o que esta acontecendo! Vou escrever uma também para o seu irmão, meu afilhadinho fofo, e talvez depois escreva para vocês dois juntos, uma vez que cada vez mais vocês têm se entendido, os ciúmes estão passando e vocês estão se tornando grandes amigos!

Um beijo e um abraço do caldinho,

Tia Cacá.

7 comentários:

ameixa seca disse...

Derreti com tanto carinho :)
Que carta linda. Infelizmente ainda não tenho sobrinhos nem filhotes mas estas cartas são fantásticas :)

laila radice disse...

a iniciativa é barbara...mto bacana estimular a escrita, a demonstração dos sentimentos, com certeza seu sobrinho sera uma pessoa maravilhosa...afinal cercado com tanto carinho...

bjs

Mari disse...

Oi Flavinha, que linda sua carta ao seu sobrinho... fiquei emocionada com seu carinho por ele... adorei!
É muito bacana demonstrarmos assim todo amor que temos pelas pessoas, principalmente pelos nossos pimpolhinhos... :)
Bjo querida!!

Anônimo disse...

Flavinha que carta mais linda! Amei. Fiquei só imaginando os passeios gostosos de vocês e fiquei simplesmente apaixonada pelo abraço caldinho. Xiii...Acho que vou copiar! Bjão e parabéns por ser uma tia tão corujo. Tenho certeza que parte das lembranças maravilhosas da infância que seu sobrinho guardará terão você como protagonista.

Filipa disse...

Flavinha, identifiquei-me muito consigo pelo que escreveu. Sabe eu também tive sempre uma grande adoração por crianças, quando a minha irmã mais nova nasceu (temos uma diferença de oito anos) eu sempre cuidei dela com muito carinho e protecção.
Quando o meu sobrinho/afilhado nasceu à 3 anos e 8 meses (quase da mesma idade que o seu), o meu amor por ele também foi à primeira vista. Desde então que não o consigo largar, se passo um único dia sem o ver fico a morrer de saudades. Ele é como se fosse o filho que ainda não tenho. Quero muito ter filhos mas ele vai ser sempre o meu filho do coração e nunca vou deixar de gostar dele como gosto. Se pudesse criá-lo, criava sem pensar duas vezes.
Os pais dele estão separados, ele está com o meu irmão (o pai) mas sou em quem cuido dele e não me importava de o fazer para o resto da vida.

beijinhos

xiiiii, que testamneto que eu escrevi... hehe!!

Anônimo disse...

Que carta linda, tia Cacá!!! ;o) E que delícia de blog! Ainda estou aqui babando com os falsos muffins e a surpresa de aniversário de casamento - pra não falar da sopa de beterraba, dos biscoitinhos de laranja... Isso não se faz com uma barriguda!! hehehehe
Beijo enorme de grande pra você!!!

Cláudia disse...

Também adorei o abraço caldinho. Que delícia. É maravilhoso expressar o nosso amor com gestos e palavras. Linda carta!

bjs