sexta-feira, 18 de abril de 2008

Importante é ver o lado bom, ou, pelo menos, engraçado das coisas...

Ontem fui visitar minha vó. Uma delas...

Já há algumas semanas eu estava tentando fazer isso, mas o dia-a-dia é tão corrido que não conseguia... Só que, como tempo a gente não tem nunca mesmo, é preciso criá-lo. Por isso eu coloquei como prioridade desta semana visitar a vovó e foi assim que fiz: fui trabalhar mais cedo, para sair também mais cedo e passar na casa dela em um horário adequado... Deu certo!

Ela está com mal de Alzheimer, diagnósticado há alguns anos, uma doença triste para quem tem e para quem convive, que entre outras coisas causa perda de memória, iniciando pela memória mais recente e gradativamente atingindo as mais antigas. A medicina ainda não sabe tudo sobre esta doença, mas mesmo assim já existem medicamentos... Enfim, ela está bem dentro do possível e para a idade já bem avançada.

Inusitado é como os papéis se invertem...
Quem consegue falar de vó sem lembrar de comidas gostosas? Eu não consigo! Sempre me lembro dos franguinhos caipiras que ela fazia, principalmente, do frango ao molho pardo. Também inesquecíveis eram alguns pães e biscoitos... Se não me engano, tinha um que se chamava pão de Cristo... Hummm! E tinha um biscoito frito, salgado, delicioso! Era a conta dela fritar e acabar tudo!
Pois bem..., mas ontem fui eu quem passou na padaria e levou para ela uns biscoitinhos (arrumar tempo para eu mesma fazer já era pedir demais, bem que eu queria!). Para falar a verdade, ela não me reconheceu, (eu já esperava, então sem dramas!) mas adorou os biscoitinhos de polvilho e queijo! Comeu bastante!
Eu fiquei lá por mais de duas horas. E ela lá, quietinha, sentada na poltrona, comendo biscoitos e bebendo um suco. Disse poucas palavras, mesmo assim só quando questionada, mas parecia tranquila. Escutava as conversas...

Três tias minhas estavam lá e falavam sem parar e alto. Certa hora começaram a falar de dívidas: fulano já pagou as dívidas, cicrano que ainda precisa pagar, alguém que se endividou por isso, ou por aquilo... Então eu vi que já estava ficando tarde e fui me despedir da vovó. Neste momento ela segurou a minha mão e me perguntou porque eu ia embora. Disse que já era hora, que o marido lindo já devia estar em casa me esperando. E ela ainda segurando a minha mão:
- Você vai embora por causa das dívidas, minha filha?
Não teve jeito de não acharmos graça, caimos na risada! Ela achou que as dívidas eram minhas e, mesmo sem ter se lembrado de mim, demonstrou sua preocupação e ternura... Um amor mesmo a vovó! E ela ficou bem aliviada quando eu conseguí convencê-la de que eu não tinha dívidas e que ia embora mesmo por causa da hora!

5 comentários:

Fabrícia disse...

Poxa Flavinha fiquei até emocionada com seu post....que fofura ....quanto carinho .... Muito bom tudo isso, essa ternura, esse amor.....
Bjcas para ti.

Filipa disse...

Flavinha assim como a fabrícia, também fiquei emocionada com este post... Essa doença é terrível mesmo, mas o amor que vos une é superior. Que bom ver todo esse carinho.

beijinhos

Anônimo disse...

Flavia,

Venho lendo seu blog de vez em quando e adoro o seu estilo de redação. É uma delícia de ler, parabéns!

Ana Canuto disse...

Oi Flávia:
Mesmo emocionante este post.
Minha avó materna que já é falecida também ficou assim, alternando momentos de lucidez, com a memória recente quase que apagada, mas em compensação lembrava-se de coisas da infância.
E numa de minhas visitas à ela, que ainda reconhecia as pessoas, não é que ela cismou que eu deveria ser sua sucessora nos benzimentos que ela fazia ? Ela era uma pessoa de muita fé e naquele tempo ninguém na cidade benzia de "cobreiro" (sabe o que é isso?) melhor que ela. Vinha gente da capital pra se benzer com ela. Ela usava um tição de pau no fogão à lenha e fazia a reza baixinho, próximo ao local afetado e tinha de ser por três dias. No terceiro a pessoa já não tinha mais nada. Pois me fez escrever todinha a reza e pediu pra que nunca contasse a ninguém, mas que eu teria de benzer as pessoas. Fiz tudo como ela mandou, mas nunca benzi ninguém, até porque ninguém a não ser minha mãe soube disso.
Tá comigo guardadinho o papelzinho com a reza.
Puxa...acabei escrevendo um post nos seus coments.
Desculpe aí, e fique com um beijo pra você e pra vovó.

Anônimo disse...

Flavinha, vó é a coisa mais preciosa do mundo! A minha está com 88 anos, e também sofre de mal de alzheimer. Ela mora cá pertinho de mim, assim é bom que posso agarrar ela a vontade!!! ela é toda lindinha, toda vaidosa. a doença já está bem avançada, e ela faz cada coisa!! parece uma criança de tão levada rsrs!!! outro dia, estávamos assistindo televisão e comendo biscoitinhos recheados, qdo ela pegou o recheio e começou a passar na mão, disse que era creme para hidratar! :P
sou muito apaixonada nela, mas sei que ela não durará para sempre, por isso devemos sempre lembrar de aproveitar os momentos e visitar sempre essas que fizeram tanto pela gente, mesmo que elas não nos reconheçam mais!! dê um beijinho para na vovó e não espere tanto tempo para visitá-la, tenho certeza que ela fica muito feliz com a sua presença!!!
:)
beijos!!